Parece que foi ontem
amigos.
Uma vida de sonho que
me deram. Uma vida de causas e destemor.
Uma vida de altos e
baixos, com incompreensões e injustiças, mas também com êxitos e aplausos.
Destinado a ser
professor, tudo começou no velho programa Zip Zip, onde há 40 anos recebi o meu
primeiro cachet por actuar em Televisão. Era ainda uma criança, acho eu. Mas
mudou a minha vida.
Se hoje aqui estou,
tanto tempo depois, testemunhando o vosso calor humano e a vossa atenção, é
graças a esse episódio e à minha luta, feita de insistências difíceis.
É graças também à vossa
atenção e à vossa estima que o devo. Ninguém tem êxito sem ter quem o aprecie.
Ninguém vende o que ninguém quiser comprar. Ninguém circula por onde não houver
caminho.
Que digo eu? Muitas
vezes consegui circular sem haver estrada. E fiz a pulso as escarpas de um
escrever e cantar que nunca andou pelas auto-estradas da facilidade. Disco a
disco, em editoras pequenas e alternativas. Palco a palco, arrostando com
condições que não eram as ideais. Por sítios que não lembra ao diabo fazer
espectáculos ali. Frente a um povo ora evoluído e atento, ora distraído e
boçal.
E comentei para mim
mesmo, surdamente, os dias maiores e os de amargura. E arquivei na memória
tudo, desde as paisagens, aos romances de estrada, aos músicos que já partiram,
aos petiscos regionais, aos solavancos do caminho.
Este próximo ano de
2009 - quarenta anos de estrada e palcos deixados para trás - quero
compartilhar convosco esse louco e profundo conviver. Esse profundo viver
português, em que desafio o mais pintado a ter estado lá, onde eu estive e
cantei e toquei, ao longo de milhares de horas, milhares de quilo metros,
milhares de abraços, milhões de notas e palavras.
Espero em 2009 fazer
uma tournée nacional que justifique e consolide uma vida que escolhi.
Mas para isso vos peço
que se mobilizem localmente e me ajudem a satisfazer esse desejo de chegar –
num fôlego que já me vai faltando... – a estar em toda a parte onde valha a
pena.
Celebração de mim com a
vossa cumplicidade maior.
Afinal, como tudo sempre
foi.
Por isso o meu imenso
obrigado.
O velho trovador ainda
está de pé e nunca se venderá, eis a minha única forma de vos agradecer.
Pedro Barroso
Cantor, trovador,
compositor, escritor, filósofo, crítico, poeta, maestro, pianista... tenho dificuldade
em definir o Pedro Barroso, tão multifacetada é a sua maneira de ser e de estar.
Conheci pessoalmente o
Pedro Barroso nos princípios de 2005 no seu concerto dos 35 anos de carreira no
Fórum Lisboa, antigo Cinema Roma na Av. Roma em Lisboa. A partir daí já perdi a
conta aos concertos a que fui e as vezes em que estive com ele mesmo fora dos
concertos. nomeadamente sardinhadas e outros comes e bebes, e lançamentos de
livros do Pedro Barroso (sim, ele também é um escritor de primeiríssima água).
Na altura apenas levei um autógrafo e até foi a pessoa que estava comigo que
lhe foi pedir pois eu nem tive coragem.
Depois, fiz-lhe um
perfil na revista Caras, passei a fazer um lobby justo no Expresso, no JL e
noutras publicações e ficámos amigos. Foi a partir desse ano que comecei a
frequentar as tertúlias do Pedro em Constância e até agora não falhei nenhum
ano pela altura das Festas da vila em Junho. E sempre que possível levo mais
alguém comigo que já era fã do Pedro ou que fica fã a partir dessa altura.
Desta vez foram os 40
anos de 'Músicas e Palavras'. E mais uma vez testemunhei a grandeza do melhor
que se fez e se faz na música portuguesa. Num S.Luís completamente cheio eu fui
um espectador muito pequenino e rendido ao profissionalismo e ao humanismo do
Pedro Barroso.
Fonte - omeusofaamarelo
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