11 de dezembro de 2013

Teatro São Luís - Dez 2009







Parece que foi ontem amigos. 

Uma vida de sonho que me deram. Uma vida de causas e destemor. 
Uma vida de altos e baixos, com incompreensões e injustiças, mas também com êxitos e aplausos. 

Destinado a ser professor, tudo começou no velho programa Zip Zip, onde há 40 anos recebi o meu primeiro cachet por actuar em Televisão. Era ainda uma criança, acho eu. Mas mudou a minha vida. 
Se hoje aqui estou, tanto tempo depois, testemunhando o vosso calor humano e a vossa atenção, é graças a esse episódio e à minha luta, feita de insistências difíceis. 

É graças também à vossa atenção e à vossa estima que o devo. Ninguém tem êxito sem ter quem o aprecie. Ninguém vende o que ninguém quiser comprar. Ninguém circula por onde não houver caminho. 
Que digo eu? Muitas vezes consegui circular sem haver estrada. E fiz a pulso as escarpas de um escrever e cantar que nunca andou pelas auto-estradas da facilidade. Disco a disco, em editoras pequenas e alternativas. Palco a palco, arrostando com condições que não eram as ideais. Por sítios que não lembra ao diabo fazer espectáculos ali. Frente a um povo ora evoluído e atento, ora distraído e boçal. 
E comentei para mim mesmo, surdamente, os dias maiores e os de amargura. E arquivei na memória tudo, desde as paisagens, aos romances de estrada, aos músicos que já partiram, aos petiscos regionais, aos solavancos do caminho. 

Este próximo ano de 2009 - quarenta anos de estrada e palcos deixados para trás - quero compartilhar convosco esse louco e profundo conviver. Esse profundo viver português, em que desafio o mais pintado a ter estado lá, onde eu estive e cantei e toquei, ao longo de milhares de horas, milhares de quilo metros, milhares de abraços, milhões de notas e palavras. 

Espero em 2009 fazer uma tournée nacional que justifique e consolide uma vida que escolhi. 
Mas para isso vos peço que se mobilizem localmente e me ajudem a satisfazer esse desejo de chegar – num fôlego que já me vai faltando... – a estar em toda a parte onde valha a pena. 
Celebração de mim com a vossa cumplicidade maior. 
Afinal, como tudo sempre foi. 
Por isso o meu imenso obrigado. 
O velho trovador ainda está de pé e nunca se venderá, eis a minha única forma de vos agradecer. 



Pedro Barroso 












Cantor, trovador, compositor, escritor, filósofo, crítico, poeta, maestro, pianista... tenho dificuldade em definir o Pedro Barroso, tão multifacetada é a sua maneira de ser e de estar.

Conheci pessoalmente o Pedro Barroso nos princípios de 2005 no seu concerto dos 35 anos de carreira no Fórum Lisboa, antigo Cinema Roma na Av. Roma em Lisboa. A partir daí já perdi a conta aos concertos a que fui e as vezes em que estive com ele mesmo fora dos concertos. nomeadamente sardinhadas e outros comes e bebes, e lançamentos de livros do Pedro Barroso (sim, ele também é um escritor de primeiríssima água). Na altura apenas levei um autógrafo e até foi a pessoa que estava comigo que lhe foi pedir pois eu nem tive coragem.


Depois, fiz-lhe um perfil na revista Caras, passei a fazer um lobby justo no Expresso, no JL e noutras publicações e ficámos amigos. Foi a partir desse ano que comecei a frequentar as tertúlias do Pedro em Constância e até agora não falhei nenhum ano pela altura das Festas da vila em Junho. E sempre que possível levo mais alguém comigo  que já era fã do Pedro ou que fica fã a partir dessa altura.












Desta vez foram os 40 anos de 'Músicas e Palavras'. E mais uma vez testemunhei a grandeza do melhor que se fez e se faz na música portuguesa. Num S.Luís completamente cheio eu fui um espectador muito pequenino e rendido ao profissionalismo e ao humanismo do Pedro Barroso.









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